“O Toró”, de William Shakespeare, no Teatro Feluma
Tradução inédita do original The Tempest para o “mineirês”, o novo trabalho celebra os 30 anos de trajetória da Trupe de Teatro e Pesquisa – premiada e reconhecida na cena mineira pela montagem de clássicos.
Em cena, um espetáculo leve, bem-humorado, apoiado na palavra, com onze veteranos no elenco, texto bem falado e trilha selecionada com arranjos originais, cantada e tocada ao vivo. A direção é de Yuri Simon.
Com tradução inédita e direta do original The Tempest, de William Shakespeare, para as expressões e melodias do “mineirês”, a décima montagem da Trupe de Teatro e Pesquisa aproxima as entidades fantásticas da natureza, presentes na obra do bardo, da cultura e do imaginário do sertão brasileiro, também povoado por lendas com seres mágicos.
A direção geral é de Yuri Simon. Direção musical e arranjos: Fernando Chagas. O espetáculo será apresentado somente nos dias 20, 21 e 22 de outubro, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, no Teatro Feluma.
Inspirados no caráter popular do bardo, a Trupe de Teatro e Pesquisa tem se dedicado, desde abril deste ano, à tradução de The Tempest para o português falado em Minas Gerais. Simon conta que foi um desafio, mesmo para ele que já havia vivenciado, em outros trabalhos, a experiência de traduzir Moliére e Maquiavel para o mineirês.
A tradução foi feita há muitas mãos. “Em nossa equipe temos professores, escritores, pesquisadores de teatro, e uma gama imensa de artistas, de várias áreas do conhecimento”, conta. O texto de Shakespeare foi mantido quase na íntegra. Para se aproximarem das expressões idiomáticas, bem particulares de Minas, leram Guimarães Rosa e outros autores mineiros.
Escrita entre 1610 e 1611 e publicada após a morte de Shakespeare, acredita-se que The Tempest seja a última peça do bardo. Na trama, uma Ilha é habitada por Próspero, Duque de Milão, mago de amplos poderes, e sua filha Miranda, que para lá foram levados à força num ato de traição política. Próspero tem a seu serviço Calibã, um nativo em terra, homem adulto e disforme, e Ariel, o espírito servil que pode se metamorfosear em ar, água ou fogo. Os poderes eruditos e mágicos de Próspero serão responsáveis por várias reviravoltas, inclusive o grande naufrágio que dá origem à história.
A encenação
Na época do bardo não havia eletricidade, e, portanto, as peças eram apresentadas de dia, sem efeitos de iluminação. A encenação era apoiada sobretudo na palavra e trazia cenários mais simples, porém, figurinos elaborados. Em “O Toró”, essa é uma das escolhas artísticas da direção. “Na cenografia, optei por uma espacialização mais neutra, projeções de ilustrações que remetem a Minas, paisagens, caricaturas, elementos simbólicos e religiosos, com o objetivo de deixar que os figurinos sobressaíssem”, comenta Yuri que também assina o cenário.
Os figurinos de O Toró trazem elementos da mineiridade. Yuri, que também é professor na disciplina de Figurino da Escola de Design – UEMG, propôs a seus alunos o desafio de criarem as peças do espetáculo numa proposta sustentável, sob orientação criativa de Alexandre Colla.
Na iluminação, Tainá Rosa apresenta texturas e atmosferas que fazem referências ao calor do sertão, ao frio das chuvas e às tempestades. Para dar o toque fantástico, presente na obra do bardo, nas cenas mágicas são utilizados recursos de moving-lights (luzes em movimento) e leds, e ainda, uma textura de máquina de fumaça.
A Trupe de Teatro e Pesquisa possui uma série de espetáculos que utilizam a cena musicada como Os Saltimbancos (1993 – 1995) de Sérgio Bardotti e Chico Buarque, A Revolta dos Brinquedos (2000 – 2015) de Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga, Coração de Vidro (2006 – 2008) de José Mauro de Vasconcelos, Átridas (2012 – 2015) de Vittorio Alfieri, e O Sortilégio da Mariposa (2018 – ainda no repertório) de Garcia Lorca.
Em O Toró, a música ganha força na cena, cumprindo muitas vezes o papel do texto. “Usamos sonoridades mineiras como ritmos do Congado, Folia de Reis, vozes de cantos populares e uma instrumentação pautada na percussão, no violão e no acordeon. Conduzidos por Fernando Chagas, os atores cantam e tocam, ao vivo”, conta.
Em cena, onze veteranos: Alexandre Toledo, no papel título de Próspero, e ainda, Sidnéia Simões, Marcus Labatti, Jader Corrêa, Simone Caldas, Eder Reis, Alice Maria, Edu Costa, Roberto Polido, Elton Monteiro, Alex Zanonn –
SERVIÇO
“O Toró” de William Shakespeare
20,21 e 22 de outubro de 2023
Sexta a sábado, 20h
Domingo – 19h
Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275 – Centro)
Ingressos a R$40 ou R$20 (meia) na bilheteria ou pelo Sympla
Mais informações: @trupe_de_teatro